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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Lei da Selva

segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Seria uma viagem interessante. Sempre gostei de viajar, conhecer pessoas, culturas. Aproveitar toda a beleza que nos foi dada neste mundo. Estávamos voando há algum tempo , um vôo calmo. Da minha poltrona, eu conseguia ver a asa do avião. Achei estranho ver cores cinza e laranja misturada ao azul e branco do céu. Demorei um pouco para perceber que o laranja e o cinza, na verdade, eram fogo. A asa do avião estava em chamas. O avião começou a chacoalhar e jogar todos os passageiros de um lado para o outro. O pânico tomou conta do meu corpo e minha mente, o coração parecia que iria explodir em meu peito. Parecíamos marionetes invertebradas sendo puxadas pelas cordas do destino. Destino que já sabíamos, seria a morte. Afinal, qual a probabilidade de sobreviver a uma queda de avião?
Tudo o que me lembro depois disso é escuridão. Sem luz no fim do túnel, ou a alma flutuando sobre meu corpo. Apenas um breu, tão escuro quanto o véu da morte, que foi jogado em nossos olhos a partir do momento do fogo, até a propriamente dita queda.
Acordei em meio a escombros e choro. O som de um grito de dor é apavorante, nada pode descrevê-lo. Uma mãe que perde um filho, um marido que perde uma esposa. Uma vida que perde outra. Nunca estamos preparados para o desconhecido. Em nossa vida inteira, jamais estaremos preparados para a morte. Em algumas circunstancias, quando o ciclo natural se inverte, as palavras de paz não existem mais, tudo que existe é tristeza e dor. Minha cabeça estava doendo, os olhos embaçados, apaguei novamente.
Abri meus olhos e já era noite. A luz fogo nos iluminava, a mesma luz que iluminou nossos ancestrais nas cavernas, nos aquecia e proporcionava alguma visibilidade hoje. Pesadamente, consegui me levantar e começar a caminhar por entre as pessoas. Um avião com mais de 100 passageiros, agora em uma ilha, com não mais de 20 sobreviventes. O que era um milagre na verdade. A explicação foi de que o avião havia caído perto da praia e quem estava pouco ferido carregou o que conseguiu para a praia. Na verdade dois milagres em um. A queda ter sido na água e próxima a uma praia.
Todo ser vivo, por si próprio já é um milagre da natureza, basta termos a capacidade e sensibilidade para enxergar desta forma. Todos que estavam ali, por um motivo ou outro, haviam renascido. Era um novo começo, uma nova chance, uma nova vida. Voltei para o canto onde acordei, e deitei-me novamente. Sentia uma dor de cabeça horrível e preferi dormir e por as idéias em dia pela manhã.
Na manhã seguinte, começamos a ver o que tinha sobrado do avião. Quase nada, o estoque de comida era muito pequeno. Não haviam roupas e nem cobertores. Alguns coletes salva-vidas, os quais seriam inúteis. Ninguém iria sair dali nadando. Haviam 15 homens e 5 mulheres. Decidimos nos separar em dois grupos. Um grupo iria atrás de comida, e o outro montaria um abrigo, afinal o frio da noite era intenso ali.
Descobrimos estar em uma ilha, tão pequena, que talvez nem estivesse traçada no mapa. A ilha era seca, sem frutos, e nem animais. Além de areia, pedras e águam a única forma viva além de nós eram os insetos. Não tínhamos o que fazer, saímos para caçar e em uma hora já havíamos percorrido a ilha toda e não encontramos nada. Os suprimentos do avião, só durariam 1 ou 2 dias no máximo.
Voltamos para a beira da praia, onde seria mais fácil de um resgate nos encontrar. Eu estava cansado, com fome e sede, assim como todos ali. Várias conversas e idéias foram descartadas, na realidade, estávamos presos. O calor do dia era inverso ao frio da noite. O clima era estranho, pareciam dois universos paralelos unidos em um mesmo lugar.
Os dias foram se passando, a comida terminando e os primeiros começaram a morrer. De fome, ou por estarem muito feridos devido a queda. Tentávamos pescar todos os dias, sem eficácia alguma. A chuva era tão escassa quanto a comida na ilha. O desespero começava a tomar conta de todos. A única esperança era o resgate, que já deveria ter nos encontrado a esta altura.
Acordei no meio da noite com gritos. A luz da lua cheia banhava a ilha. Levantei-me com um salto para ver o motivo dos gritos. As pessoas estavam brigando entre elas. Não verbalmente, mas fisicamente. Socos, pontapés e gritos tomavam conta da atmosfera. Corri até eles a fim de separá-los, mas o desespero fora substituído por raiva e neste momento, a ira tomava conta de tudo e todos.
Algo acertou minha cabeça, eu cai no chão e logo após foram desferidos vários pontapés sobre mim. Senti minha cabeça latejar, naquele momento já sabia que seria meu fim. Quando o clima se acalmou, uma das mulheres conseguiu me carregar novamente para o abrigo. Eu quis saber o porque daquilo tudo. Ela disse que no meio da noite alguns integrantes acordaram e flagraram outros roubando a comida que havia sobrado do avião. Foi assim que a discussão começou, e 5 pessoas morreram em meio a esta selva.
Na selva o que prevalece é a lei do mais forte. Quem tiver o maior bando consegue dominar, somos assim desde as ditaduras. Uns atacando os outros, vivendo uma guerra por dia, morando em uma “selva urbana”.
Percebi que não sobreviveria nem para ver um último nascer do sol. Eu fui consumido pela lei da selva. Entristeci-me ao ver que a humanidade é mesmo assim. Todos cooperamos uns com os outros a fim de podermos viver em paz. Porém, quando as necessidades fisiológicas aparecem, a irracionalidade e o instinto de sobrevivência tomam conta. Toda hospitalidade e amizade falsa terminam.
Juntamente com meu último suspiro, sussurrei : No fim não somos nada além de animais.

Juliano Furlanetto

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Cavaleiro das trevas ressurge

quarta-feira, 8 de agosto de 2012
O Cavaleiro das Trevas Ressurge


Em meio ao caos da “selva” decidi tirar um tempo e ir assistir “Batman – O cavaleiro das trevas ressurge”. Valeu tanto o dinheiro, quanto às 2h e 40 de filme. É demais. O conteúdo do filme é algo a ser analisado. Na verdade, Batman sempre foi meu herói preferido. Afinal de contas, o interessante nessa trilogia, é como o lado humano do super-herói é mostrado. O Batman é um super-herói que não tem super-poderes. Ele é normal, apenas rico, MUITO RICO (o que para alguns deve ser um super poder). E além de não ter super-poderes, ele é movido pelo desejo de vingança. Afinal seus pais morreram em função de seus medos de infância. E é dessa ira que ele utiliza para combater o crime. Uma pessoa triste e movida pela vingança. Um humano normal, com falhas de caráter normal. Assim como eu, você e praticamente todo o mundo.
Em um ato de filantropia, ele leva a culpa por crimes que não cometeu. Além de sofrer pela morte dos pais, sofre por tentar ajudar à todos e não receber o devido reconhecimento. Porém, sendo um ato filantrópico, ele não faz por reconhecimento, apenas por amor a sua cidade. Uma cidade, que neste último filme, mostra como o ser humano pode ser cruel quando os papéis se invertem.
Resumindo, o vilão da história tem em mãos uma bomba nuclear. Ele explode todas as pontes que são a ligação de entrada e saída de Gotham City. Ameaça explodir a bomba a qualquer intervenção do governo ou de qualquer pessoa. Ele diz que a sociedade de Gotham (assim como no Brasil e em todo o mundo), tem os poderes muito mal divididos. Os pobres são inferiorizados e os ricos usufruem muito. Uns demais outros de menos, normal, é o mundo. Então, ele sugere uma inversão de papéis. Os ricos sendo julgados pelos pobres.
O caos está tomado, a prova de que a humanidade é irracional e fraca. Todos reclamam das leis e de quem tem o poder. Quando o poder foi dado a pessoas de classe inferior, o terror veio à tona. Eles próprios poderiam julgar quem iria viver e quem iria morrer.
Novamente digo que é isto que me fascina nos filmes do Batman. Eles mostram o lado humano do super-herói, e a reação de uma sociedade diante do caos. A racionalidade evapora e o instinto animal toma conta. Inicialmente a ditadura os separa em grupos assim como no Nazismo, Fascismo e em qualquer ditadura. A maioria contra a minoria. Mas quando a morte bate a porta, é cada um por si. O ser humano reclama das leis, mas por mais banais que elas sejam, são necessárias. Um mundo sem leis, seria um mundo de caos, que é exatamente o que o filme mostra.
Um povo sem esperança, é um povo morto. E foi no meio dessa desesperança e desse desespero que ressurgiu o herói, que na vida real pode ser interpretado de várias formas. O filme é uma grande metáfora. Da queda ao ressurgimento do herói, das desmotivações e das motivações que moveram o herói. Uma pessoa só desiste, quando não tem mais motivos para viver. Enquanto houver 1% de esperança, ainda haverão chances. E é por isso talvez, que o Batman realmente seja um herói. Apesar de todos os problemas, ele não desistiu.
Uma frase me chamou atenção no filme. É quando Batman diz mais ou menos o seguinte:
- Um homem comum, que coloca um casaco nos ombros de uma criança é um herói. Pois ele mostra para esta criança que o mundo não acabou e ainda existe esperança.
A realidade é que um herói é alguém normal, com problemas e aflições como cada um de nós. Ele não voa, nem solta teias pelas mãos, ele simplesmente doa sua vida para ajudar os outros. Em uma história real, em um mundo real, todos somos heróis de nossa própria história.

Juliano Furlanetto

quinta-feira, 12 de julho de 2012

HIstória de amor

quinta-feira, 12 de julho de 2012
Histórias de amor são simples, na verdade nós as complicamos. Assim como complicamos tudo em nossas vidas. A história que contarei é sincera e pura. Uma história de amor, que nos mostra como o tempo age sobre tudo e todos. A única palavra que pode descrever o tempo é: implacável. Histórias de amor, à vista geral são comuns. Porém, cada história tem uma particularidade, uma singularidade, que apenas às pessoas que já viveram ou vivem um grande amor sabem reconhecer.
Ela sempre fora simpática. Ele sempre fora fechado. Conheciam-se superficialmente apenas. Certo dia começaram a conversar. Perceberam que apesar das diferenças, tinham muita coisa em comum. As qualidades que ele mais buscava em alguém ela tinha, e vice e versa. Eu, honestamente não acreditava. Porém hoje acredito que talvez, veja bem, eu digo TALVEZ os opostos realmente se atraiam.
As conversas permaneciam madrugadas adentro todos os dias. Ele preferia falar com ela a sair com seus amigos. Quando se encontravam, o coração batia mais forte, as palavras fugiam de seus lábios, as bochechas coravam. Todos os sintomas estavam se mostrando reais. Aquelas conversas que outrora eram superficiais, a cada dia se aprofundavam mais. Aos poucos eles descobriam estar apaixonados.
Os dias se arrastavam lentamente, e as madrugadas de conversa se esvaiam sem que eles percebessem. Ele queria falar com ela todo o tempo, queria dizer o quanto pensava nela e queria estar com ela. Ela precisava da confirmação de que ele realmente gostava dela, que não era só uma ilusão.
Os encontros passaram a ser freqüentes, a lógica e a precaução deram lugar ao coração. Toda a racionalidade e a lógica do universo, se perdem quando o que está em jogo é o coração. Tudo se torna menos importante. Nada parece ter real significado, sem que aquela pessoa esteja ao seu lado.
O tempo passou. E tudo foi como planejado, eles estavam juntos. Os problemas haviam cessado em suas vidas, tudo era amor e o mundo realmente era bom. A paixão se transformou em amor e o hoje, se tornaria o para sempre. Eles realmente se amavam e apreciavam estar juntos.
O problema foi quando o tempo entrou em cena. Cada um começou a cuidar de seus interesses pessoais. Em momento algum ele deixou de amá-la, e ela jamais deixara de pensar nele. Porém, relaxaram. Ambos os lados foram construindo uma ponte, que cada dia os distanciava mais. Uma ponte imaginária em um mundo real.
O tempo que passavam juntos não era mais o mesmo. A distancia que os separava, não era física e sim sentimental. A distancia física, é simplesmente o espaço separando dois corpos. A distancia sentimental, são dois corpos que se repelem. O tempo é implacável, ele leva tudo o que temos. Aquele que sempre fora um casal feliz, hoje era um casal separado por uma ponte. Cada um em um lado, tentando conversar aos berros. Eles se amavam, nunca deixaram de se amar. O que faltava era alguém dar o primeiro passo para atravessar a ponte.
Novamente, o obvio aconteceu. Eles se deixaram. Ao invés de um passo para aproximação, o que aconteceu foi um passo para direção oposta. O mundo realmente não era justo. O que havia acontecido? Eles tinham perdido seus rumos. Suas vidas eram agora um livro de gravuras. Apenas gravuras, esperando um conteúdo para explicá-las.
Depois de alguns dias, os dois sentiam o mesmo vazio. Um sentia o coração batendo no peito do outro. O tempo não podia tirar isso deles, era injusto. Aquilo era puro, era bonito. O amor em um formato que não é comum nos dias de hoje. O verdadeiro amor. Onde há amor, sempre haverá esperança.
Deram o primeiro passo, o passo sentimental e não físico. A ponte começou a ficar menor. Não precisavam mais gritar para que pudessem se ouvir. Agora conseguiam conversar. Sentiam o hálito um do outro. Já podiam se beijar novamente. A ponte fora deixada para trás. Só restou o amor.
A distancia que nos separa, pode ser a mesma que nos une. Agora com mais intensidade. Essa distancia, consegue nos amadurece em uma semana, o que amadureceríamos em um ano.
Em nossas vidas, na maior parte das vezes precisamos perder para ganhar. Infelizmente algumas perdas são permanentes, outras têm conserto. Somos burros a ponto de ter que perder uma pessoa, para percebermos que nossa vida não é a mesma sem ela. A vida é feita de perdas e ganhos. De guerras e de paz. E principalmente de brigas e reconciliações.
Não esqueça, jamais desista de não desistir. Onde existe amor, existe esperança.

Juliano Furlanetto

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O parque

quarta-feira, 11 de julho de 2012
Todos nós falamos em ter sonhos, sonhos e objetivos podem dar uma direção, uma meta para a vida. Infelizmente em alguns casos, o sonho vira obsessão. O caminho e a estrada se confundem. Veja bem, estrada é por onde andamos, caminho é aquele que queremos seguir para chegar a algum lugar. A estrada compõe o caminho, porém ela não é propriamente sua rota. Uma estrada pode levar a qualquer lugar, você pode estar indo para o céu, e em segundos pegar um desvio que te levará para o inferno.
Em termos simples e sem metáforas, a estrada é a vida e os caminhos são nossas escolhas. A vida é feita de caminhos, de sonhos. Andamos pela estrada, mas escolhemos o caminho que queremos traçar. Muitas vezes optamos pela rota mais simples e mais cômoda, porem em alguns casos, as pedras que são colocadas em nosso caminho, nos tornam fortes a ponto de sabermos contorna-las.
O que me leva a todos estes pensamentos, é um caminho que pego todas as noites quando volto pra casa. Embaixo de uma ponte vejo um parque. Este pequeno parque é habitado apenas por vultos, fragmentos de sonhos e vidas perdidas. Um parque escuro, com historias de vida sombria. A única luz que vem do parque é a de um refletor velho e de isqueiros usados para acender todo o tipo de substancias químicas. Um parque abandonado, habitado por pessoas que abandonaram suas vidas.
Algum dia, em algum tempo, aquele parque fora habitado por crianças. Lá elas sorriram, brincaram e sonharam. Talvez ser jogador de futebol, astronauta ou cantor. Mas então a vida chegou e bateu de frente com seus sonhos. Alguns caminhos foram trocados, a estrada não foi fácil, nunca é. A chave para a vida é a persistência. Depois de a vida ter se apresentado formalmente, alguns atravessaram a ponte, outros ficaram com medo do que encontrariam do outro lado e permaneceram ali, no parquinho.
Algo que jamais entenderemos é a ironia da vida. Pessoas acabando com suas vidas, exatamente no mesmo lugar onde sonharam ter uma. Utilizando todos os tipos de drogas, sentadas no mesmo balanço, no qual sorriram anos atrás. Um balanço que foi embalado para gerar sorrisos, hoje com correntes corroídas, é embalado para secar as lágrimas dos que ficaram. Correntes corroídas, sonhos corroídos, vidas sem movimento.
Químicos e álcool podem te fazer esquecer dos problemas durante algum tempo. Mas no dia seguinte, seus olhos se abrem e seus problemas não foram embora. O efeito mágico termina e a vida volta a bater na sua porta. Soluções passageiras nunca resolvem nada. Elas apenas maquiam a verdade que está em sua volta. A verdade, é que a vida não tem solução e nem formula secreta. Você aprende sobre a vida vivendo cada dia que passa.
A estrada é longa e os caminhos são muitos. Seus sonhos podem não virar realidade, porém, não faça do sonho uma obsessão. A vida pode levar tudo, menos a vontade de permanecer lutando. Talvez devêssemos ter duas vidas, uma para usar como ensaio e a outra para viver. Como isso não é possível, viva da melhor maneira a vida que tem, pois ela é única.




Juliano Furlanetto

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Toca discos

quinta-feira, 5 de julho de 2012
Em uma pequena cidade, existia um notável parque, um lugar calmo, árvores e natureza cercando-o. Lá havia um lago onde nadavam cisnes, ninhos onde nasciam passarinhos, estradas por onde corriam pessoas e um banco. Neste banco, todo o dia se sentava o mesmo velhinho. Um senhor com cabelos grisalhos, chapéu na cabeça e sorriso simpático nos lábios.
Ninguém sabia seu nome, mas todos paravam ali para ouvir suas historias. Ele era chamado de “Contador de histórias”. Todas as pessoas, no momento em que se sentavam ao lado dele, por alguns minutos, esqueciam dos problemas e viajavam com as fantásticas histórias do senhor. Suas histórias acalmavam corações, renovavam sentimentos, roubavam sorrisos até dos mais sérios e encantavam adultos e crianças. Muitos céticos não acreditavam no poder de cura deste senhor. Porém até as mentes mais fechadas sorriam com as historias contadas pelo velho.
Chuva, sol, verão, inverno, independentemente do clima e do tempo, ele estava lá. Como se já fosse parte do parque. Um parque, um banco, um senhor com sorriso simpático nos lábios. Esta era a descrição perfeita do lugar. Certa vez, o senhor estava contando uma de suas histórias. Mais ou menos cinco pessoas estavam reunidas ao seu redor ouvindo a narrativa. A historia acabou, as pessoas foram seguindo seus rumos e um jovem ficou. Não bastasse ter ficado, sentou e analisou o senhor. O sorriso, o olhar distante de quem tinha muito a que ensinar. Ficaram assim alguns minutos, apenas olhando um para o outro. Enfim o garoto criou coragem e perguntou:
- O senhor vem aqui todo o dia, esta sempre contando histórias e sorrindo. Ninguém sabe nem o seu nome, mas mesmo assim você continua ajudando e contando suas histórias. Porque?
- Meu nome é Aldo, e eu faço isso porque gosto. Um sorriso vale mais que dinheiro. Arrancar um sorriso do rosto de uma pessoa é como ver uma metamorfose. Você as vê chegando aqui cabisbaixas e tristes. E quando saem estão com um sorriso no rosto e a cabeça erguida. É como uma lagarta se transformando em uma borboleta.
- O senhor faz isso pelo simples prazer de ver sorrisos?
- Sou aposentado, vivi muito e conheço muitas histórias. Não acho certo guarda-las apenas pra mim. Por isso as compartilho com quem estiver disposto a ouvir.
- O senhor ajuda as pessoas e não quer nada em troca?
- Já tive tudo que poderia querer na vida. Na idade em que me encontro minhas opções não são muitas. Posso ficar em casa, sentado em um sofá assistindo televisão e ouvindo rádio, como um inútil. Ou posso vir aqui, ver a natureza, refletir e compartilhar historias com pessoas que tem muito mais para viver. Posso ensinar algo para que elas usem em suas vidas.
- O senhor usa uma aliança, sua esposa não se incomoda de ficar sempre sozinha?
- A solidão tem seus dois lados, não é apenas um castigo meu jovem. Ela te da tempo pra pensar e ver o que você fez de errado. Algumas coisas você pode consertar, outras, não. Ao contrário da solidão, o tempo é implacável. Ele leva tudo que você tem, e não devolve mais. Se minha esposa ainda estivesse viva, eu faria muitas coisas diferentes. Quem me proporcionou perceber estes erros foi á solidão. Não espere até que seja muito tarde e a solidão seja sua rotina. Quando precisar, passe um dia sozinho e isso lhe fará bem. Porém, não passe uma vida inteira sozinho.
- Muitas das histórias que o senhor conta falam dos medos, das pessoas. O senhor então tem medo da solidão?
- Na vida tenho apenas um medo, e este medo não é a solidão. Tenho medo de acabar a vida e ter sido como um toca discos.
- Um toca discos?
- Sim, um toca discos. Pois ele passa toda sua vida reproduzindo e nunca produzindo. Este é meu medo, por isso eu conto historias. É meu único legado. A única coisa pela qual as pessoas se lembrarão de mim. Então quando eu me for, as pessoas passarão aqui e lembrarão das histórias que criei, para tentar fazer com que contornassem seus problemas e vivessem a vida de modo melhor. Não se esqueça garoto, o meu maior medo é ter uma mente tranqüila. Uma mente que não produz e só reproduz, isso não faz sentido. Afinal minha mente não seria nada, apenas mais uma “mente da massa”.

Alguns dias depois, o senhor faleceu. Semanas depois de sua morte, em sua lápide estava escrita a seguinte frase: “Um eterno pensador, nunca um toca discos”.




Juliano Furlanetto

terça-feira, 1 de maio de 2012

A vida....

terça-feira, 1 de maio de 2012
O engraçado hoje não é viver, é não saber para que se vive. O que acontece é isso, tão simples e tão besta que ninguém para pra pensar nos porquês. Porque faço isso, ou porque faço aquilo? Porque tenho sonhos tão diferentes dos teus, porque cada um busca a perfeição em sua individualidade? Nós somos feitos de sonhos, conquistas, derrotas, de alegria e tristeza, de paz e guerra, a vida é feita de opostos. Não somos todos os cumpridores de nossas promessas, ou até mesmo realizadores de nossos sonhos, somos apenas o que conseguimos ser. As coisas dão certo num dia, em outros não, por isso a felicidade está sempre á nossa porta, mas nem sempre em nossa vida. Ela esta ali, basta querer. Uma vida inteira de felicidade é uma vida inteira de mentira, ninguém é feliz o tempo todo. Uma vida toda de tristezas é uma vida doente, ninguém é triste o tempo todo. Nossos desejos são nosso verdadeiro eu. O que realmente nos define, o que mostra o nosso interior. Somos insatisfeitos por toda nossa vida não por mal, é a nossa natureza. A ganância que nos move é a mesma que move nossos pais, nossos avos, e todos ao nosso redor. Ninguém esta satisfeito, o ser humano sempre busca mais e mais, é a natureza humana, é a natureza capitalista, é o nosso mundo. Meu objetivo hoje pode ser casar e ter filhos, construir uma casa e uma família, mas e depois disso? O que mais eu vou querer? É uma incógnita, nossos objetivos mudam diariamente, nossa cabeça anda entre o céu e o inferno. O ser humano nunca estará satisfeito, isso Freud já falou, e quem diz que é mentira, nunca parou pra pensar realmente na vida. O ser humano é o ser mais indeciso do planeta, talvez por ser o único com massa encefálica em boa quantidade. Os animais, todos tem uma meta, sua fisiologia é clara, a sobrevivência. O ser humano sobrevive desejando e deseja sobrevivendo. Os humanos precisam de alguém para comandar, para esclarecer algumas ordens, por mais hipócritas que sejam, elas controlam tudo. A humanidade perdeu o sentido a muito tempo, a partir do momento que começaram a queimar pessoas que se contradiziam a igreja, comprar e vender pessoas, entre outros fatos. Tirar a vida de outros simplesmente por poder, este é o ensinamento antigo que a humanidade mais prezou, pois seguem com ele até hoje. Seria justo trocar uma vida por um par de tênis, ou por um celular? Afinal, o que é justiça? Tudo anda tão distorcido e abstrato que a vida virou uma guerra de poderes e o mundo virou um caos. Pergunto novamente, você sabe para que você vive?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Homens, mulheres e hormônios

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Homens e mulheres não são nem um pouco parecidos, na verdade são totalmente opostos, isso é um fato, uma informação, chame do que quiser, afinal algumas coisas são assim apenas porque devem ser. Os valores de cada um são muito diferentes, (digo isso de forma geral) o homem, por exemplo, é estimulado visualmente, enquanto a mulher é sensorial e é facilmente estimulada pelo toque. O homem age de forma lógica e racional, já a mulher é sentimental e emotiva.

Um fato interessante e que comprova a veracidade desses fatos, é vivido todos os dias e aposto que todos, (ou quase todos) já devem ter passado por isso em algum momento da vida. Uma mulher feia, (não feinha, digo feia mesmo um “trubufu” uma daquelas que você pede se tem fogo só pra chamar de dragão) quando é apresentada a um homem, a primeira coisa que se passa na mente dele depois de ver os “atributos” dela, é algo do tipo “cruzes que mulher feia!”. Ela pode ser um doce de mulher, ter uma conversa super agradável e mesmo assim, no fim da noite, quando o homem se despede dela o primeiro adjetivo que virá em sua mente quando se lembrar dela será feia. Isso não é maldade, esta na genética é fisiológico, o homem não tem culpa e nem faz de propósito, apenas é assim que funciona a mente masculina, uma “futilidade genética”

Agora, tente apresentar um homem feio para uma mulher, obviamente ela o achará feio, afinal isso é indiscutível ele é feio mesmo, mas depois de uma noite inteira de conversa, ele já passa a ser querido e “não tão feio”, a emoção fala mais alto que a razão pois mulheres são sentimentos.

Se tratando de genética, o homem quer reproduzir e a mulher quer um parceiro estável que proporcione segurança para ela e seus futuros filhos e isso vêm desde a pré-história, quando a única coisa que o homem tinha de vantagem sobre os outros animais era o tamanho de sua massa encefálica, para a espécie não se extinguir ele precisava garantir a procriação da raça. Enquanto a mulher ficava “inútil” por nove meses no período da gestação, o homem estava livre para fazer seu trabalho e reproduzir com outras fêmeas, mas não vou aprofundar e nem dar segmento a essa história. Os homens e as mulheres evoluíram muito desde a pré-história, porem em sua essência continuam os mesmos.

No fim da historia, testosterona e estrogênio falam mais alto, para o homem a feia é feia e ponto final, para a mulher o feio pode vir a ser bonito depois de conhecê-lo. Ah os hormônios, tão complexos e tão manipuladores, eles realmente controlam nossas vidas.

Antes de terminar, gostaria de deixar claro que isto não é um texto machista, é apenas uma abordagem e uma explicação que encontrei para este assunto, acredito que os homens e as mulheres possam viver muito bem juntos e isto é outro fato comprovado, afinal amar de verdade é saber respeitar as diferenças (físicas e genéticas) de nosso companheiro.



Juliano Furlanetto